24 de julho de 2007

A NeoEuropa – «Um novo começo»

Nota prévia: Apesar de relativo a dados anteriores, e também diversos, este texto deve ser encarado como complementar ao artigo previamente publicado no euro.visões: "Ainda se lembra?, ou a Europa em stand-by".

Num (muito bom) artigo sobre a obra de Zlavoj Zizek, publicado em Janeiro último no então existente suplemento "Mil Folhas", do "Público", é referido que, para o pensador esloveno, é imperioso «formular um novo começo» para a Europa, sob pena de esta se tornar «um destino para o turismo cultural nostálgico, sem verdadeira importância real».

A fragilidade das resoluções da Cimeira de Bruxelas, no que concerne à consolidação do projecto europeu, reflecte que de facto algo não está bem no caminho que está a ser seguido. Mas o que estará efectivamente mal? Tratar-se-á de um fenómeno circunstancial, ou de uma verdadeira falência de modelos?

A observação da actual conjuntura faz pensar nas palavras de Zizek, e nas críticas que faz à civilização capitalista global. No entanto, creio que a questão não passa por sequer equacionar a opção pelo regresso a sistemas historica e socialmente ultrapassados, e comprovadamente perversos.

Dessa forma, não estará na altura de reflectir sobre uma mudança de paradigmas? Uma verdadeira "terceira via"? É uma discussão complexa, até porque – reconheço – pressupõe uma visão utópica. Mas não é a História da Europa uma História de utopias, mais ou menos concretizadas?



Zlavoj Zizek


Mas voltemos à realidade, nua e crua. O facto é que, ao invés de seguir o seu próprio caminho, a União Europeia tenta-se adaptar a uma globalização ditada pela visão economicista que distorce a evolução própria de um mundo que é, efectivamente, novo.

Isto, embora se arrogue ao direito de querer exportar o seu modelo, que – pelo que se vê – determinados sectores querem que, pura e simplesmente, deixe de existir.

O que está em causa não é o encerramento em torno de uma Europa-fortaleza (assunto já abordado no euro.visões) ou da manutenção das coisas tal como estão. Trata-se de uma verdadeira e – como comprovado – necessária refundação identitária, numa conjugação de Cultura, Tecnologia e Ambiente, que conduza à NeoEuropa.

Nuno Loureiro
Fotografia: D.R.